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Feminismo Na Literatura- Mary Shelley



Mary Shelley nascera em Somers Town, em Londres, filha de William Godwin e da renomada autora de A Reivindicação dos Direitos da Mulher, Mary Wollstonecraft.


Órfã após dez dias de nascida, Mary fora criada pelo seu pai junto à sua meia-irmã, Fanny Imlay, crescendo às sombras das palavras e ideais de sua mãe, que desenvolveram em si um senso de identidade e admiração crescentes. Mary aproveitou cada migalha de conhecimento posta em seu caminho, possuindo uma educadora, um tutor, e usufruindo dos exemplares sobre a história de Roma e Grécia que seu pai escrevia, uma educação incomum para uma garota de sua época. Em 1811, ela frequentou o colégio interno de Ramsgate aos 15 anos, quando seu pai a descreveria como "uma mente altiva, um tanto imperativa e singularmente brilhante. Seu desejo de conhecimento é grande, e sua perseverança em tudo o que empreende é quase invencível."


Em Junho de 1812, seu pai a mandara para o dissidente radical William Baxterher, visando o desenvolvimento intelectual e filosófico da filha. Explorando os arredores da Escócia, Mary introduz em Frankestein: "Escrevi no mais simples e comum estilo. Embaixo das árvores nos campos que pertenciam a nossa casa, ou nas montanhas descampadas, onde minhas composições verdadeiras, os voos de minha imaginação, nasceram e floresceram."


Mary conheceu seu primeiro marido aos dezessete anos, no mausoléu de Mary Wollstonecraft em St Pancras Old Church, um poeta liberal chamado Percy Bysshe Shelley. Apesar dos ideais liberais de sua família, William Godwin não aprovou a relação, temeroso que a fama impecável de sua filha fosse manchada, e que o dinheiro da herança de Shelley não pagasse as dívidas da casa. Em 28 de Julho de 1814, o casal fugiu para a França, levando a meia-irmã de Mary, Claire Clairmont consigo e deixando a anterior esposa grávida de Percy para trás. O trio viajou até Paris, e então atravessaram uma França recém devastada pela guerra até a Suíça, devorando os romances de Mary Wollstonecraft e escrevendo num jornal dividido entre ambos, um dueto literário.


Em Lucerna, o dinheiro acabou, obrigando-os a voltar para o Norte até Gravesend, Kent, em 13 de outubro de 1814. Durante a viagem, Mary descobriu-se grávida de Percy, e para sua surpresa, seu pai recusava-se a ajudar. O casal se mudou junto com Claire para os alojamentos em Somers Town, e eventualmente, para Nelson Square. Em 22 de fevereiro de 1815, ela deu à luz uma medida prematura de dois meses. Em 6 de março, escreveu para um dos amigos de Percy Shelley:


"Meu querido Hogg, meu bebê está morto - venha me ver logo que puder. Quero te ver - ela estava perfeitamente bem, fui para a cama - acordei no meio da noite para amamentá-la e parecia estar dormindo tão tranquila que eu não quis acordá-la. Ela morreu em seguida, mas não encontrávamos "a causa" até de manhã - sua aparência mostra, evidentemente, que morreu de convulsões - Você pode vir - Shelley tem medo da febre do leite - para mim eu não sou mais uma mãe agora."


A perda de seu bebê deixou Mary em uma depressão profunda, porém após a recuperação das finanças de Percy após a herança de seu avô, Sir Bysshe Shelley, Mary se recuperou no verão e já teria engravidado novamente.


Em 1816, Mary, Percy e seu filho viajaram para Genebra com Claire Clairmont, onde planejavam passar o verão com o poeta Lord Byron, cujo engravidara Claire. Sentados em torno de uma fogueira na Vila de Byron, lendo histórias alemãs de fantasmas, Byron sugeriu que cada um escrevesse seu próprio conto sobrenatural. Foi assim que nasceu-se a inspiração de Mary Shelley para Frankestein:


"Eu vi o pálido estudante de artes profanas ajoelhado ao lado da coisa que ele tinha reunido. Eu vi o fantasma hediondo de um homem estendido e, em seguida, através do funcionamento de alguma força, mostrar sinais de vida, e se mexer com um espasmo vital. Terrível, extremamente assustador seria o efeito de qualquer esforço humano na simulação do estupendo mecanismo de Criador do mundo."


Com a ascenção da literatura feminista nos anos 1970, estudiosos e acadêmicos voltaram suas atenções novamente à origem de Frankestein. Ellen Moers, uma das críticas feministas sobre as obras de Mary, acredita que a perda de seu bebê foi uma influência crucial na escrita de Frankestein. Ela argumenta que o romance é um mito do nascimento, onde Mary teria entendido a culpa que sentia por causar a morte de sua mãe, e de sua filha. Na visão de Moer, é uma história que conta "sobre o que acontece quando um homem tenta ter um bebê sem uma mulher", o que reflete claramente o fracasso de Viktor Frankestein como "pai", ao próprio fracasso de Mary como mãe.


Sandra Gilbert e Susan Gubar também argumentam que Shelley teria respondido às tradições masculinas das obras na época com pequenos rompantes de ideais igualitários em Frankestein, construindo a misoginia de seu tempo enquanto explodia com fúria sua negação. Mary Poovey ainda lê a primeira edição de Frankestein com olhos mais abrangentes: ela vê como Shelley reflete à si mesma em seu monstro, o criador e a criatura, ambos punidos por seu egoísmo ao perder todos os seus laços domésticos.


Mary Wollstonecraft Godwin Shelley morreu aos cinquenta e três anos, em 1851, do que seria uma suspeita de tumor cerebral. Ela foi enterrada no cemitério de St Peter's Church. No aniversário de sua morte, sua escrivaninha foi aberta, e foram encontradas mechas de cabelos de seus filhos mortos, o caderno que ela compartilhava com Percy Bysshe Shelley, e uma cópia de seu poema Adonais com uma página dobrada em volta de um pedaço de seda contendo algumas das cinzas de seu marido e os restos de seu coração.


Entre seus livros destacados, existem:


The Last Man (1826)

Valperga (1823)

Matilda (1959)

Frankestein (1818)

Lodore (1935)

The Fortuness of Perkin Warbec (1930)

History of a Six Week's Tour (1917)

O Mortal Imortal (1833)

Rambles in Germany and Italy (1844)

Novels and Selected Works of Mary Shelley (2008)

Transformação (1831)

Monseer Nongtongpaw (1808)

Maurício ou A Cabana do Pescador (1998)

The Invisible Girl (1833)

The Journals of Mary Shelley (1814-1844)

Dracula & Frankestein (1897)


Também recomendo o filme Mary Shelley de 2017 dirigido por Haifaa Al Mansour, tendo como protagonista Elle Fanning (foto da capa).

Até a próxima terça-feira,

Ray Lima.

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