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Feminismo na Literatura- Joana d’Arc



Uma figura constantemente relembrada nas histórias e estudos feministas é a ilustre Joana d'Arc. Guerreira, bruxa, camponesa e santa, Joana possuí todas as vertentes do que é conhecido como força feminina. Vamos conhecê-la. 


Joana d'Arc foi uma camponesa canonizada pela igreja católica em 14 de maio de 1920, pelo Papa Bento XV na Basílica de São Pedro, em Roma. Filha de Jacques d'Arc e Isabelle Romée, um casal camponês na cidade de Domrémy, França, a mais nova de mais quatro irmãos: Jacques, Catherine, Jean e Pierre. 


Joana cresceu no campo, ajudando os pais que trabalhava como agricultores e artesãos, mas por vezes ela fugia do trabalho para ir orar na igreja de sua cidade. Ela era fascinada pela religião, e passava o tempo que podia dentro das paredes da comunhão. Foi em uma dessas caminhadas até a igreja que Joana ouviu sua primeira mensagem. Alegava que chegava a ouvir vozes de duas à três vezes por semana, por mais que não pudesse entender grande parte das mensagens ou mesmo quem as enviava, mas em suma as vozes lhe diziam para frequentar a igreja, viajar à Paris e levantar o domínio que havia na cidade de Orléans. Posteriormente, ela nomeou as vozes como arcanjo Sâo Miguel, Santa Catarina de Alexandria e Santa Margarida de Antioquia. 


Em 1066, monarcas ingleses passaram a controlar as extensões territoriais da França.  AO tentar recuperar estes territórios perdidos, deu-se início à um dos períodos mais sangrentos e longos da história: a Guerra dos Cem Anos, que duraria 116 anos, e que provocara milhões de mortes e destruição para quase toda a França setentrional. 


Aos 16 anos, Joana foi à Vaucouleurs, pedindo que Robert de Baudricourt, capitão da guarnição Armagnac a leva-se até Chinon, onde poderia finalmente se encontrar com Carlos VII. Junto à sua escolta de seis homens, também estavam Poulengy e Jean Nouillompont, posteriormente batalhando ao lado de Joana em todas suas batalhas. 


Joana d'Arc atravessara todo o território hostil defendido pelos ingleses e Borguinhões, com as roupas masculinas extremamente vulgares e inadequadas para sua época, para que chegasse à Carlos VII. Em sua chegada, a delfim de Carlos VII sentiria uma desconfiança contra uma camponesa desconhecida, apesar da fama de seus dons e astúcia, portanto, decidiram passá-la por uma prova: esconderam Carlos numa sala cheia de nobres e esperavam que seus santos a dissessem quem era o rei. Joana d'Arc, sem nunca antes ter visto Carlos VII, o reconheceu entre os nobres, se curvado e dito "Senhor, vim conduzir os seus exércitos à vitória".


Joana haveria de convencer o rei a lhe entregar exércitos com o intuito de libertar Orléans. Porém, a corte ainda desconfiada a fez passar por interrogatórios e um teste de sua virgindade antes de entregarem-lhe a espada. Joana recebera uma lâmina, um estandarte, e a permissão de marchar junto às tropas francesas. 


Armada de uma bandeira branca, Joana chega à Orléans em 29 de abril de 1429, onde teria lutado nas batalhas e também participado do conselho de guerra. Sob seu estandarte, o exército de apenas 4.000 homens franceses recuperaram o cerco de Orléans em 8 de maio de 1429. 


Após a vitória e Orléans, os ingleses se tornaram temerosos de que a França tentasse reconquistar Paris ou Normandia, mas Joana foi capaz de convencer a corte de iniciar uma campanha ao rio Loire, conquistando a vitória na batalha de Jargeou, na batalha de Meung-sur-Loire, na batalha de Beaugency e também em Patay. 


No mesmo dia da coroação de Carlos VII, emissários do Duque de Borgonha iniciaram as negociações para uma trégua, contra a vontade de Joana. Ainda durante a trégua, Carlos VII levou seu exército até as regiões que abrigavam Paris, onde ocorreram batalhas entre os Armagnacs e a aliança inglese com os Borguinhões. Joana foi ferida por uma flecha durante esta tentativa de entrar em Paris, o que teria feito o rei repensar sua decisão de bater em retirada no dia 10 de setembro de 1429. 


Em 1430, durante uma campanha militar que visava libertar a cidade de Compiègne, Joana d'Arc fora capturada. Presa em 23 de maio, conduzida ao castelo de Beaulieu-Lès-Fontaines no dia 27, e entrevistada pelo próprio Duque, Filipe III no dia 28, Joana permaneceu no castelo durante todo o verão enquanto o duque de Luxemburgo negociava à sua venda aos ingleses, onde posteriormente fora levada à Ruão. 


O processo de Joana começou em 9 de janeiro de 1431, chefiado pelo bispo de Beauvais, onde as dez primeiras sessões foram todas apenas com as apresentações de provas em suas acusações de heresia e assassinato. Apenas no dia 21 Joana fora permitida a fala, apesar de negando-se a fazer o juramento da verdade. Interrogada sobre as vozes que ouvia, sobra a igreja militante e seus trajes masculinos. Agora verdadeiramente consciente de seu estado, Joana tentou se envenenar nas celas, recusando-se a morrer nas mãos de seus captores. Mas uma vez que trouxeram-lhe um médico para curar sua doença, ela confessou. 


Joana fora queimada viva em 30 de maio de 1431, com apenas dezenove anos. A execução tomara lugar na Praça do Velho Mercado, às 9 horas, em Ruão. Suas cinzas foram jogadas no rio Sena, para que não fossem veneradas. 


Apenas em 1456, o processo de Joana fora revisado, considerando-a inocente pelo Papa Calisto III, e a igreja católica permite sua beatificação. Em 1920, Joana d'Arc é canonizada como santa pelo Papa Bento XV, junto às suas santas e anjos. 


E aqui estão alguns livros que contam com maiores detalhes a trajetória de Joana até a santificação: 


Joana d'Arc: A surpreendente história da heroína que comandou o exército francês 


"A história de uma das mulheres mais notáveis do mundo medieval.


Ao contrário das tradicionais narrativas, com relatos já moldados pelo que conhecemos a respeito de quem Joana d'Arc se tornaria, a aclamada historiadora Helen Castor nos leva de volta à França do século XV, em plena Idade Média. Em vez da personagem icônica, ela nos apresenta uma jovem vibrante, que confronta os desafios da fé e da dúvida, e que, ao lutar contra os ingleses, toma partido em uma sangrenta guerra civil.


Por essa rica e intensa narrativa, conhecemos uma extraordinária jovem em meio aos eventos tumultuados de seu tempo, onde ninguém – nem ela e nem as pessoas ao seu redor, como príncipes, bispos, soldados ou camponeses – imaginava o que aconteceria a seguir."


A Donzela e a Rainha


"Esta biografia histórica explora o vínculo misterioso e secreto entre a mundana e poderosa Iolanda de Aragão, rainha da Sicília, e a mística Joana d'Arc. Envolvida na complicada batalha dinástica da Guerra dos Cem Anos, Iolanda defendeu a causa do delfim contra as forças da Inglaterra e da Borgonha, valendo-se de sua inteligência, diplomacia e vasta rede de espiões. Mas o inimigo parecia invencível. E justamente quando as esperanças da França se esvaíam, Joana d'Arc surgiu dos confins do reino dizendo-se portadora de uma mensagem divina - mensagem que mudaria o curso da história, levando por fim à coroação de Carlos VII e ao triunfo da França."


Joana d'Arc


"Joana d'Arc é uma das personagens mais populares da história da França. Filha do povo, revolucionária e patriota, Joana foi uma jovem camponesa que se tornou líder militar e comandou todo um exército para proteger a França do domínio britânico. Foi traída pela monarquia e pela Igreja e condenada à fogueira em 1431, mas se tornou símbolo de fé e de coragem. Fascinado por sua figura, Mark Twain refaz a saga dessa heroína a partir de doze anos de pesquisa baseada nas memórias do Senhor Louis de Conte, uma espécie de pajem e secretário de Joana d'Arc. Na obra, ele transita entre mitos e fatos históricos para recontar essa história imortalizada no imaginário popular."




Joana d'Arc foi uma figura muito importante para mim durante meu processo de aprendizado sobre a história feminista, e as figuras entremeadas nela. Ela com certeza é minha guerreira, bruxa e margarida favorita na história! E a sua, qual é?




Ray Lima.

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